sábado, 20 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

shhhh!

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Antes de sair, voltou-se para Antonieta:
— Ia lhe dizer agora uma coisa muito importante. Mas é tão
importante que prefiro não dizer. Só é sincero aquilo que não se diz.
Boa noite.
— Então isso também não é sincero — sorriu ela.
— Também não. Só o silêncio é sincero. O silêncio de uma pessoa
dormindo, por exemplo. Como é sincero alguém dormindo! Sincero
como uma flor. Imagine se uma flor falasse, que ridículo não seria. Por
isso é que eu não gosto de desenho animado. Dormindo é que cada um
se revela, por causa do silêncio, ou seja: feito à imagem e semelhança
de Deus.
— E os que roncam? — gracejou Eduardo.
O velho fulminou-o com o olhar:
— Quem ronca no homem é o demônio. A luta se trava até dentro
do sono, só cessa com a morte. Os mortos não roncam, seu doutor,
porque Deus vence sempre. O silêncio é a linguagem de Deus. No
princípio era o Verbo, vocês sabem o que é isso? O silêncio, o espantoso
silêncio do princípio. Ah! o verbo e o silêncio são a mesma coisa. Que
coisa bonita que eu falei, minha Nossa Senhora. É preciso escutar o
silêncio, não como um surdo, mas como um cego! O silêncio das coisas
tem um sentido. Quem não entende isso não entende nada.
Eduardo se viu de súbito transportado a uma noite já longínqua,
no Parque, diante da estátua de Anita Garibaldi. O demônio mudo.
— E a música? — desafiou.
— A música — o velho traçou com o dedo uma pausa no ar — é a
expressão mais completa do que estou dizendo. Ou do que não estou
dizendo, pois é preciso ouvir apenas o que não se diz. Quem tiver
ouvidos para ouvir, ouça. Eu ia chegar nela. A música também é
silêncio. Bach sabia disso, Mozart também. Beethoven só soube quando
ficou surdo. O ar não é silencioso? O vento não faz barulho? E que é o
vento senão ar? A música é o silêncio em movimento.
— O mesmo com as palavras.
— Não senhor: as palavras estão em quem fala e em quem escuta.
O silêncio fica entre os dois, intocado, um silêncio enorme,
intransponível. Ao passo que a música está nela mesma, isto é, no que
resta além de nós. E o resto é silêncio. Adeus.
Já à porta:
— Reparem como o meu silêncio é mais sugestivo do que
qualquer palavra.
Olhou fixamente o casal durante algum tempo e voltou-se, solene,
cruzou lento a rua, a garrafa de uísque na mão.
— Que homem extraordinário — disse Antonieta, deslumbrada.



Autor: Fernando Sabino
Livro: Encontro Marcado
(no fim do primeiro pedaço da parte II)


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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Shabop Shalom

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Our story begins on a sunday afternoon
Just between halfway tree and spanish town
Where a young boy
Not yet the cock o’ the walk that he would soon become,
Was lying on the grass and takin’ in the sweet and sensuous scent of hibiscus
That languidly lilted along the summer breeze
It was at this precise moment that he saw her.
Her walk was soft and delicate with a thaumaturgical touch
That only a rabbi’s daughter could have
Before their eyes had even met
Her luminous lips had already lured him in
Salvation winked with he promise of a briss held at pinnacle
And a congregation of sages bunny hopping and chicken dancing to yiddish mento
Then their eyes linked
An aeon blinked amharic vows were scryed upon their hearts
Just to think this could all be with a frenectomy and a few words of love.
My shabop shalom baby
Won’t you shabop shalom with me
Under the old banana tree
Whoa, whoa
My sweet telavivian lamb‘s bread
My heart can act as an emoliant
And you’ll never ever say
Get bent!
No, no
Todamama todamama
Todamama todamama
Todamama
Todamama todamama
Todamama todamama
Todamama
All the signals that i’m sendin i’ll keep sending
And on the constantillionth time
I’ll make you mine
Yes, i swear i will
Your sweet supple breasts are golden ghettos
Soft statues in stilettos
Two wise men instead of three
Blow a kiss just for me
I’m ever in a foul mood
I’ve gotta see you in your talmud
And so happy in makes me
(who who who who who)
You wanna know who
Who wrote the book of jude?
She wants to know who
(who who who who who)
Who wrote the dead sea scrolls?
Well, i did, i did
Yeah
Yes, i did, i did
I did, i did
Mm-hm!
I did, i did
Hexakosioi hexekonta hex phobia can be a fun ordeal
I swear by solomon’s seal
Honey, when it comes to love
There’s a fire in the deep bend of my heart
Givin’ me the heeby-geebys
You see
I know the land of wood and water is
Merely fooder for the loves slaughters
And darling, i’ve watched you cake walk to the immaculate conception
For far too long
Walls are wailing
I’m livicated to you
Ahaba raba
Ahaba raba for you
We’re in heaven
We’re in heaven, it’s true
I’m in ascending
I’m ascending tonight with you

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certamente uma das melhores letras de todos os tempos.



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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

" Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!
Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy! Holy!

The world is holy. The soul is holy.
The skin is holy. The nose is holy.
The tongue and cock and hand and ass-hole.
Holy!

Everything is holy. Everybody is holy. Everywhere is holy
Everyday is an eternity! Everyman is an angel. "

-- Trecho de "Howl"
( poema de Allen Ginberg )


segunda-feira, 1 de novembro de 2010